Muitas mulheres têm o sonho de se tornarem mães, porém outras preferem ter a profissão, projetos de vida pessoais em primeiro lugar  deixando a maternidade com pouca prioridade na sua lista de desejos. Dilemas como “qual a hora certa de engravidar e ter um filho?” muitas vezes despertam tarde demais. Diante desse dilema, o congelamento de óvulos acaba sendo uma alternativa para quem pensa em ter um bebê, mas prefere planejar para uma gravidez futura.

Mudanças na sociedade e no mercado de trabalho têm reestruturado os planos femininos. Muitas sonham em viagens enriquecedoras para conhecer o mundo, outras em construir uma carreira profissional promissora, algumas se veem indecisas em relação ao parceiro(a) ideal para essa jornada e, fatores como doenças que surpreendem ao longo da vida, fazem com que a maternidade seja adiada.

Com o avanço das técnicas da medicina reprodutiva, planejar o futuro e adiar a gestação já é uma realidade acessível. É possível preservar a fertilidade e pensar em uma gravidez mesmo depois dos 40 anos, por meio do congelamento de óvulos. Procedimento no qual os óvulos são captados por ultrassonografia e sedação e colocados em nitrogênio líquido, congelados, armazenados e preservados numa temperatura segura para manter a qualidade por muitos anos.

Diante dessa popularização do método e do aumento dessa procura, separamos um passo-a-passo sobre o congelamento de óvulos para você entender cada etapa do procedimento e analisar se ele pode ser uma alternativa para você.

1º Passo: Investigar a sua reserva ovariana

Seguindo as regras da Sociedade Brasileira de Reprodução a idade máxima para as mulheres que desejam engravidar por técnicas de reprodução assistida é de 50 anos (após esta idade é necessária uma avaliação clínica e liberação para uma gestação segura). O Dr. Waldemar Carvalho, médico especializado em reprodução assistida, alerta que depois dos 35 anos, as chances de engravidar vão diminuindo gradativamente e pioram após os 40 anos.

Por isso, ao pensar em engravidar, é importante investigar a reserva ovariana. A avaliação da reserva ovariana é fundamental para prever o prognóstico e ter uma previsão da taxa de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida, como fertilização in vitro e congelamento de óvulos.

Ao ser submetida a avaliação da reserva ovariana (ultrassom + hormônio anti Mülleriano + FSH basal), a mulher que apresentar reserva ovariana normal ou acima da média terá melhores chances de uma gravidez futura.

Por outro lado, quando apresentam baixa reserva ovariana, a mulher terá que coletar óvulos em mais de uma ocasião (induções de ovulação sequenciais) para ter boas chances de gravidez no futuro utilizando estes óvulos.

Saiba como é o exame de investigação da reserva ovariana:

Quantos óvulos precisam ser congelados?

Essa dúvida é bastante comum. Segundo o Dr. Waldemar Carvalho, trabalhos científicos e sua experiência profissional de mais de 20 anos, sugere que um número entre 10 a 15 óvulos guardados abaixo dos 35 anos, vão gerar uma expectativa de gravidez futura de 60 a 70%.

Depois dessa idade, até os 40 anos as taxas ainda são boas. Mas, infelizmente, não se sabe qual é a estimativa de chances no futuro dessa faixa etária. Já acima dos 40, vale o alerta: as chances de erros nos pareamentos dos cromossomos (entre os espermatozóides e o óvulo para formar o embrião) é ainda maior. Aumentando as chances de alterações como a Síndrome de Down, por exemplo.

Por isso, não só a quantidade de óvulos deve ser analisada, mas também a qualidade deles, pois está relacionado diretamente à idade da mulher.

2º Passo: Indução da ovulação

Decidida a fazer o congelamento de óvulos, a mulher deverá acompanhar o ciclo menstrual e avisar ao profissional de reprodução assistida assim que menstruar. Imediatamente será realizado um ultrassom para saber quantos folículos (pré antrais) têm nos ovários e ter uma perspectiva de quantos óvulos estarão disponíveis para coleta.

Ao fazer isso, é realizada a indução da ovulação, que é a administração de medicamentos diários de aplicação subcutânea indicados pelo seu médico para estimular a ovulação.

Essa fase dura em torno de 10 dias, período em que a mulher é monitorada por ultrassonografia até a retirada dos óvulos.

3º Passo: Retirada dos óvulos

Já no último dia da indução da ovulação, há uma medicação específica para causar um pico hormonal e, consequentemente, o amadurecimento desses óvulos. A partir daí, conta-se um período de 35 a 36 horas para realizar a coleta.

A retirada dos óvulos é um procedimento considerado simples e é realizada em um centro cirúrgico. A mulher é sedada e com o auxílio de um aparelho de ultrassonografia transvaginal – com uma agulha específica em seu ponto – o profissional introduz nos folículos, os quais são aspirados para obter os óvulos.

Estima-se que a cada 10 folículos aspirados, são recuperados cerca de 7 a 8 óvulos. Todos são armazenados e preservados em nitrogênio líquido.

Após esse procedimento, é recomendado um repouso de 24 horas e depois a mulher estará apta para fazer suas atividades.

Congelei meus óvulos, e agora?

Agora vamos às análises dos especialistas. A depender da sua idade, o profissional irá te passar algumas recomendações. A primeira é que, mulheres abaixo dos 40 anos, devem tentar engravidar naturalmente e, caso haja algum fator que impeça essa gravidez, utilizar os óvulos congelados.

Independentemente do caso, ao decidir que é hora de usar os óvulos congelados, eles vão passar pelo processo de fecundação no laboratório – os espermatozoides podem ser de um parceiro ou de um banco de sêmem – para ser formado o embrião.

O desenvolvimento do embrião é seguido de perto pelo profissional de reprodução assistida, até ser formado o blastocisto, nome dado ao embrião do 5º ou 6º dia. Esse embrião, por sua vez, já vai estar preparado para ser transferido até o útero.

Quais as chances de gravidez?

Os óvulos coletados após 40 anos têm menores chances de serem fertilizados adequadamente. Quando ocorre a fertilização, aumentam as chances de abortos ou problemas na formação do feto, por isso o congelamento de óvulos na faixa dos 30 aos 35 anos permite preservar os óvulos saudáveis em boas condições para maiores taxas de sucesso.

Por isso, ao utilizar um óvulo jovem e de boa qualidade, as chances de uma gravidez de sucesso giram em torno de 60% a 70%. Em vários países europeus recomenda-se a recepção de óvulos doados quando a mulher não congelou óvulos até os 40 anos de idade.

Gostou desse conteúdo? Confira o vídeo que o Dr. Waldemar Carvalho preparou para você que quer preservar a fertilidade.